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RUY CINATTI
( TIMOR- LESTE – ÁSIA )
( 1915 – 1986 )
Ruy Cinatti, poeta, agrónomo e (a partir de 1958) etnólogo, que viveu alguns anos em Timor Português e contribuiu para a abertura do território à antropologia moderna.
Como naturalista e colector amador, foi tecendo uma rede científica internacional e construindo um estatuto de autoridade, que lhe permitiria aceder ao campo científico.
Para esse facto, também contribuiu a rede de relações privilegiadas que mantinha no campo político.
Destaca-se a influência do antropólogo australiano A. P. Elkin no interesse de Cinatti por uma antropologia aplicada ao desenvolvimento e promoção cultural dos timorenses.
A debilidade da antropologia cultural e social em Portugal (ausência de institucionalização e escassez de profissionais) e o descrédito que lhe merece o trabalho do antropólogo físico António de Almeida levam Cinatti a promover ou favorecer a entrada e o trabalho de campo intensivo de antropólogos franceses e anglo- saxónicos no território, sob uma suposta tutela da Junta de Investigações do Ultramar.
O Estado-império português, acossado pela crescente contestação ao colonialismo e pelas guerras de libertação em África, subscreveu a sua estratégia como forma de garantir a “ocupação científica” de Timor, a prioridade nacional e a credibilidade do país na cena internacional.
TIMOR-LESTE. ANTOLOGIA POÉTICA. O LIVRO NA RUA 8. SÉRIE Literatura em Língua Portuguesa. Organizadora Cleide Cristina Soares. Inclui os poetas Afonso Busa Metan, Fernando Sylvan, Francisco Borja da Costa, Jorge Barros Duarte, Xaba Gusmão (José Alexandre Gusmão ou Kay Rala Xanana Gusmão. Editor Victor Alegria. Brasília, DF: Thesaurus Editora, sem data. 10,5 x. 14,5 cm
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
Foto www.asia-turismo.com/timor/timor-leste.htm
TIMOR
Suave, doce, lânguida ilha
Aberta como flor na distância do mar,
Prolonga um pouco a virginal beleza,
Atende, espera!... minha alma suspensa
Em ti respira — corola do mar.
Verdura incandescente, maravilha
Líquida, ritmo, manancial..
A mim vieram melodias infinitas
Das ondas.
E as árvores exaltaram;
Surgiram montanhas de alegria total.
Meus lábios cantaram silêncios sonoros,
Manhãs de sabor pleno e de prazer eterno;
Minha alma atravessava o espaço imenso
Em volta num sol de lágrimas.
Ah! termo
Sonho de um caminho amado.
VIGÍLIA
Paralelamente sigo dois caminhos
Abstrato na visão de um céu profundo.
Nem um nem outro me serve, nem aquele
Destino que se insinua
Com voz semelhante à minha. O melhor do mundo
Está por descobrir. Não seque a lua
Nem o perfil da proa. Vá direito
Ao vago, incerto, misterioso
Bater das velas sinalado de oculto
Quero-me mais dentro de mim, mais desumano
Em comunhão suprema, surto e alado
Nas aragens noturnas que desdobram as vagas,
Chamam dorsos de peixe à tona da água
E precipitam asas na esteira de luz.
Da vida nada senão a melhoria
De um paraíso sonhado e procurado
Com ternura, coragem e espírito sereno.
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Página publicada em março de 2024
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